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blogue editado por José Marques Mendes e Luís Luz

27 de novembro de 2016

Primado da competência

Realidade ou utopia? Mandam os bons costumes que uma pessoa deve ser boa naquilo que faz, isto é, competente. Ser competente implica conhecimento, estudo e muito trabalho: empenho, dedicação, concretização. Num mundo altamente exigente, já não chega “ter jeito para a coisa” ou somente o típico “desenrascanço” para se obterem resultados sustentados, pois o que conta é o médio-longo prazo… e de nada servirá “acertar” apenas durante algum tempo. Por outras palavras, é preciso «saber» e é preciso «saber fazer».

Competência é estar apto para determinado desempenho, tratando-se de algo que é relativo e com alguma dose de subjetividade, variando também em função do tempo; hoje em dia, aliás, praticamente não há profissões onde as competências alcançadas no passado sejam o bastante para o presente, levando a que cada um tenha progressivamente que se superar a si próprio. A competência é admirada e procurada por muitos profissionais, por necessidades de desempenho ou simplesmente por brio pessoal.

Mas depois temos uma cruel realidade em que “quem se safa” é que é bem visto: «olha, aquele fez assim ou assado e safou-se; burro sou eu que não faço o mesmo»; «a vida está boa para os espertos»; «quero lá saber do meu caráter, quero saber é da minha conta bancária». De tão generalizado, tornou-se socialmente aceite e é muito frequente ouvir-se os próprios “habilidosos” a gabarem-se de tamanhos feitos… por vezes até em locais públicos e perante desconhecidos.

É o verdadeiro jogo de cintura aquele que é praticado: por um lado, alcançam-se mais rapidamente os fins desejados e, por outro lado, mostram-se os meios enquanto orgulhosas capacidades de destreza pessoal e não mais enquanto atitudes honrosas. Perante alguém que progride, ilustres desconhecidos ou até os mais próximos atribuem à «sorte» ou à «aldrabice» as causas dos avanços. A competência, o talento, o trabalho, a dedicação, são todos eles atributos que já ninguém se lembra de considerar.

Claro que tudo é função dos valores de cada um e de um grau maior ou menor de individualismo, que por sua vez decorrem da moral que é geralmente aceite pela sociedade.

Sinais dos tempos, dir-se-á.


Luís Luz

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