blogue editado

blogue editado por José Marques Mendes e Luís Luz

14 de agosto de 2011

Adriano Campelo (o Tio) - A Trepadeira

Em conversa com um amigo, de baptismo Jorge, companheiro e Amigo de vinte anos de almoços, com desabafos e alguns bafos (de fresco ar), comentava-lhe uma lição que me tinha sido transmitida pelo meu avô Anselmo.

Ainda o inverno, rigoroso, não tinha acabado e uma grande extensão de um muro numa das propriedades tinha desabado. Grande labuta de homens e máquinas se avizinhava, meu avô, quadro dos Caminhos de Ferro no tempo em que o carvão fazia locomoção, com sua estimada boina de tipo Galego, posicionava-se na liderança de tamanha empreitada.
Eu, miúdo de uns treze anos e em férias de carnaval, acompanhava toda aquela agitação e me mantinha em estado eufórico, pensando que era parte da liderança.

Vai que não vai irrompo com uma pergunta:
- Avô, o muro caiu por causa da chuva não foi?
- Na verdade, meu neto, não. O problema foi mesmo daquela planta trepadeira, é uma era. Sabes, este tipo de planta desenvolve-se e entranha-se pelos muros, mas temos que ter muito cuidado como seu crescimento e na verdade eu cometi um erro.

Continuando,
- Sabes qual é um dos principais inimigos dos mergulhadores?
- Eu, na minha tenra ingenuidade digo: é a falta de ar!
- Sim, mas não só!  Existe um molusco marinho, que já ouviste falar, o polvo, para além de ser muito curioso é detentor de poderosos tentáculos que vão aumentando a sua força conforme vão crescendo. Dai os mergulhadores andarem sempre com uma faca para os matar quando são atacados. Ora, a Era é exactamente igual. Se não a cortarmos pela raiz ela um dia fica tão forte que acaba por deitar os muros abaixo. Daí eu te ter dito que a culpa foi minha. E um dia, quando fores grande, vais ver que na vida existem obstáculos que se nos deparam que, tal como a Era e o Polvo, devemos ter cuidado.

Hoje, reconheço que na vida, tal como nas empresas, um líder deve estar atento a tudo o que o rodeia e deve aniquilar todos os “polvos” que se aproximam pois são esses mesmos que se preparam para nos “aniquilar”.

Pseudónimo à memória de meu tio
Adriano Campelo

1 comentário:

streble disse...

Ora aqui está algo de interessante… muitos activos de organizações começam assim, são como pequenas raízes que crescem connosco, são acarinhados, protegidos, algo que um dia dizemos que são parte de nós. Servem-se dos nossos recursos, consomem o nosso “know-how”. Depois essas bonitas plantas passam de produtivas a parasitas.