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blogue editado por José Marques Mendes e Luís Luz

19 de setembro de 2012

Pobre Liderança – Pobres Liderados

Vou servir-me do exemplo nacional do Governo para descrever o que entendo por pobre liderança e pobres liderados ou seja, um líder fraco e uma equipa fraca.
A única reserva de opinião que deixo neste texto é para a política em si mesma, sua substância e decisões. A política não cabe neste espaço.
 
A apreciação é totalmente sobre liderança – comportamento do líder e seus liderados. Neste caso portanto, refiro-me ao comportamento do primeiro-ministro (líder) e respetivos ministros (liderados).
 
Se bem se recordam aquando da constituição do governo, o ministro Paulo Portas, dirigindo-se a Passos Coelho, disse algo muito parecido com estas palavras:
-sei que o Governo tem um líder e esse líder é o senhor.
Perfeito.
Foi o reconhecimento de que existe uma equipa, de que faz parte dela e de que tem um líder.
Estavam reunidas as condições para um exemplar comportamento no campo da liderança.
 
No momento atual e passado sensivelmente ano e meio, toda a gente “borra a escrita”, o líder e a equipa.
O líder tomou decisões e pelos vistos os ministros não concordavam com as mesmas. Tinham consciência que as decisões do líder iam dar para o torto.
Sabemos isso por uma razão muito simples – a informação veio a público pelos próprios membros. Paulo Portas em conferência de imprensa e Paula T. Cruz, Miguel Macedo, Assunção Cristas entre outros, deixaram escapar a informação de que se haviam manifestado contra ou alertado para o facto, em reunião tida para o efeito.
 
Aqui reside a pobreza da liderança. Imaginemos momentos antes da decisão.
O líder está prestes a tomar decisões polémicas, possivelmente catastróficas e a equipa está em desacordo.
 
Duas aberrações estão prestes a acontecer:
>o líder avança sem considerar as várias opiniões contra, evidenciando arrogância, poderio e que está senhor da certeza. Não tira partido das várias opiniões manifestadas. Não tira partido da equipa que tem, descapitalizando-a.
 
>os membros da equipa não se fazem ouvir. Não estão suficientemente fortes para evitar a decisão. A equipa não consegue ser isso mesmo, uma equipa. As decisões precisam de ser em bloco de solidariedade e suporte. Podem-se ter opiniões contrárias mas ou se aceita ou se bloqueia. Se se aceita, cala-se, se se quer bloquear, atua-se. A equipa ficou à “sombra da bananeira”, sendo o líder a bananeira.
 
Por isso é um desconsolo ver tamanha pobreza de líderes, quer porque não ouvem quer pela falta de sensibilidade.
Por isso é um desconsolo ver tamanha pobreza de equipas, quer porque não falam quer pela falta de convicção.
 
Em termos de liderança, este é um grande exemplo para as empresas e para as famílias e que no meu entender não deve passar despercebido.
Quem tem que ouvir que oiça, quem tem que falar que fale. Façam-no com sensibilidade e convicção.
José Marques Mendes

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