Este texto é sobre “grande decisão de intervenção” nas
empresas.
Há uns meses atrás, escrevi aqui no blogue sobre a sensação
ou a perceção que as pessoas têm de que a sua vida ou a sua situação já “bateu
no fundo”. De facto, essa sensação (refiro sensação porque é disso
mesmo que se trata - sentir) é extremamente importante por duas razões:
>Quando é verdade que já “bateu no fundo” então está
perante uma grande oportunidade. A de tomar o impulso suficiente para subir. Se
o impulso for sério e determinante, a energia e o fundo alavancarão a subida.
>A outra verdade é que, talvez ainda não tenha “batido no
fundo” mas sente que vai a caminho. Decide então, intervir já porque não quer chegar
ao cenário pior. Não há necessidade de bater no fundo, de facto.
Falando de empresas, é verdade que existem muitas situações
em que estas estão a “bater no fundo”. Quem as lidera deveria perceber a
pendente que estão a tomar e não deixar que cheguem ao fundo. Pode ser tarde. Pode ser
fatal.
Acontece que os líderes empresariais, mesmo percecionando que
estão perante uma tendência negativa, acham que ainda não é momento de fazer
grandes intervenções.
Dizem - vamos ver; vou entretanto fazer isto e aquilo e logo
se vê.
Decidem coisas, hoje para a esquerda e amanhã para a
direita, “cortam” cabeças hoje e mais umas quantas amanhã, sem qualquer
critério estratégico mas têm uma sensação de ação.
Por vezes até contratam mais alguém num pensamento em que “o
último a entrar é que vai resolver o problema”.
Zero e a situação degrada-se
dia após dia.
Muitas vezes os líderes empresariais até se debatem com a
situação de alguém lhes propor uma solução de viabilização para a empresa mas,
por radical e intensa que é, rejeitam. Cedem ao medo e ao comodismo e rejeitam através do poder de
decidir…"ir vendo no que dá".
Mais tarde, porque a pendente era negativa a situação piorou.
Nesse momento, recorrem a quem lhes havia proposto a situação - agora com alguma humildade - mas já não dá.
Já o remédio não é o mesmo. Já as ações não são as mesmas e
possivelmente já não dá para intervir. Já ninguém assume o ónus da
responsabilidade em intervir.
É o momento da grande expressão:
Ai se eu sabia! Ai se eu sabia!
Isolamento, frustração, suores frios, noites sem dormir e
pânico.
É muito difícil detetar estes momentos na vida das empresas
mas, há forma. Os líderes empresariais, quando apreciam uma tendência
negativa e sentem receio ao dia seguinte - quem é líder tem de ser minimamente
visionário da desgraça e da catástrofe - então têm de se deixar ajudar.
Têm de aceitar uma intervenção, por mais forte que seja,
mesmo antes do problema. O excelente líder é aquele que nunca chega a ter o
problema. Tem razão antes do tempo. Aceita a intervenção por convicção.
Quando o líder deixa levar a situação a um extremo
irrecuperável então não liderou. Pode ter sido um gestor mas não foi líder. Não foi
visionário, muito menos prudente. Limitou-se a gerir o dia-a-dia deixando que
as coisas se deteriorassem.
Atenção ao défice de liderança e de visionários. Há muitos líderes que, hoje, sabem que já deveriam ter
intervido há 3 ou 6 anos atrás.
Pois, pois!
José Marques Mendes
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