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blogue editado por José Marques Mendes e Luís Luz

9 de maio de 2012

Homem do Leme

Liderança sem diploma representa o poder que cada um tem de orientar a sua vida. Se a vida é sua então deve assumir a responsabilidade de a conduzir.
Ser o Homem do Leme.
Um despedimento, aparentemente, contradiz esta ideia. Então se estamos a fazer o melhor, comprometidos e sérios, empenhados e energéticos, motivados e a motivar, porque nos pedem para sair se não queremos sair.
Mesmo que não tenhamos errado ou discordado de algo, pedem-nos para sair.
Mesmo que tenhamos um bom plano de trabalho e aceite por todos, pedem-nos para sair.
Mesmo que as pessoas que lideramos, se sintam bem e a respirar iniciativa, pedem-nos para sair.

Um contrassenso, parece. Mais ou menos. Talvez nem seja.
Devemos pensar que este ato – despedir – não altera em nada o sentido de liderança que cada um tem de ter para si e para a sua vida.
Mantemos o domínio do nosso curso mas, atenção, temos de considerar a imprudência de terceiros. Temos de considerar a movimentação de terceiros. Mesmo liderando a nossa própria vida, não estamos, nunca, sozinhos em nada.

Reparemos na analogia.
Para obter a carta de condução praticamos com muito afinco, estudamos as regras e passamos nos exames. Passamos a conduzir com atenção, respeitamos tudo e todos mas, eis que um dia embatem em nós. Afetam o nosso curso e o controlo que tínhamos da situação.
Ficamos furiosos, tomamos consciência da chatice, queremos explodir de insatisfação e raiva mas, numa fração de tempo, apercebemo-nos que não há nada a fazer. Alguém se achou capaz de interferir na vida dos outros, na nossa vida. Alguém, por imprudência ou incompetência na condução, criou-nos uma chatice.
Enfim, assina-se a declaração para o seguro, relativiza-se o assunto (poderia ser pior) e segue-se o caminho da vida.

Por mais que pensemos que temos o controlo, há sempre algo que interfere. Esse é o pressuposto da liderança porque se admite que liderar é chegar a algo por caminhos desconhecidos.
Entendo que por isso é fundamental e útil que cada um se assuma como um líder. Que assuma a liderança da sua vida porque existem adversidades a controlar.
O despedimento é isso e nada mais. Uma adversidade a controlar.

Em cada função, empresa ou projeto, há que fazer e dar o melhor. Intelectualmente e emocionalmente. Se mesmo assim alguém, imprudente, convencido, materialista, Cavaleiro Negro do Apocalipse, embate em nós, só há que liderar a mudança de rumo. Sem dramas.
Sem autismos mas com muito bom senso, analisar a adversidade e retomar o caminho.
Manter a liderança agarrados ao leme.

Para trás tem de ficar a consciência de um dever cumprido e serviço prestado. Para a frente mais do nosso desígnio. Outras causas há que servir e à nossa vida valor acrescentar.

José Marques Mendes

2 comentários:

Rui Sousa disse...

Zé Miguel,

Este é sem dúvida nenhuma um texto que todas as pessoas e já agora "as não pessoas", deveriam ler.
Perfeito, oportuno e muito realista.
Gostáva de o ter escrito.

Um grande abraço.
Rui Sousa

Anónimo disse...

Obrigado. Gostei imenso.
JMM