Partiu um grande homem, José
Hermano Saraiva. Será um lugar-comum mas também pertinente constatação dizer
que o país ficou mais pobre, logo numa altura em que criar riqueza seria a
palavra de ordem.
Homem de enorme coerência,
nunca pautou o seu discurso pelas circunstâncias. Fiel a princípios que nenhuma
circunstância fez abdicar, colocou-se ao serviço de todos, acreditando na
construção de um Portugal melhor, mais instruído, mais civilizado, mais
respeitador dos percursos que outros fizeram para que hoje a “pátria” tenha
memória.
É em sua memória, que o
tempo não apagará, que vos peço uma reflexão.O que nos deixa este homem que,
conscientemente até ao fim, aceitou os desafios constantes da produção
intelectual e permaneceu igual a si próprio, desde sempre, na partilha do
conhecimento? O que pensava este homem sobre as traves mestras de nossa
sociedade, como o ensino, a justiça e a relação com o passado? De que forma e
com que dignidade representou sempre Portugal perante terceiros?
Em algumas entrevistas (http://expresso.sapo.pt/morreu-jose-hermano-saraiva=f741053)
teremos ainda a possibilidade de o relembrar. Convido-os a percorrerem um pouco
da história deste homem porque urge refletir nestas referências, nestes
exemplos, nestes líderes, porque urge fazer mais e melhor. Convido-os a sorver
os seus discursos, a sua vasta obra literária, os seus deliciosos programas de
televisão. Convido-os a lembrarem e aprenderem. E que a sede de saber não se
dilua com o tempo de que, de resto, é exemplo este homem que nos deixa aos 92
anos consciente da meta alcançada após tão desafiante e ganha corrida.
Constato com pena que é a
vez de a minha geração começar a ver os seus mais queridos partirem. É, pois, a
vez de a minha geração, a dos quarenta, tomar as rédeas das referências que
quer deixar aos seus filhos e netos. Estaremos alguma vez à altura de José
Hermano Saraiva? Tentemos, pelo menos! Mostremos, pelo menos, que somos bons
alunos!
Cristina Machado Guimarães
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