Liderança
sem diploma representa o poder que cada um tem de orientar a sua vida. Se a
vida é sua então deve assumir a responsabilidade de a conduzir.
Ser o
Homem do Leme.
Um
despedimento, aparentemente, contradiz esta ideia. Então se estamos a fazer o
melhor, comprometidos e sérios, empenhados e energéticos, motivados e a
motivar, porque nos pedem para sair se não queremos sair.
Mesmo
que não tenhamos errado ou discordado de algo, pedem-nos para sair.
Mesmo
que tenhamos um bom plano de trabalho e aceite por todos, pedem-nos para sair.
Mesmo
que as pessoas que lideramos, se sintam bem e a respirar iniciativa, pedem-nos
para sair.
Um
contrassenso, parece. Mais ou menos. Talvez nem seja.
Devemos
pensar que este ato – despedir – não altera em nada o sentido de liderança que
cada um tem de ter para si e para a sua vida.
Mantemos
o domínio do nosso curso mas, atenção, temos de considerar a imprudência de
terceiros. Temos de considerar a movimentação de terceiros. Mesmo liderando a
nossa própria vida, não estamos, nunca, sozinhos em nada.
Reparemos
na analogia.
Para
obter a carta de condução praticamos com muito afinco, estudamos as regras e
passamos nos exames. Passamos a conduzir com atenção, respeitamos tudo e todos
mas, eis que um dia embatem em nós. Afetam o nosso curso e o controlo que
tínhamos da situação.
Ficamos
furiosos, tomamos consciência da chatice, queremos explodir de insatisfação e
raiva mas, numa fração de tempo, apercebemo-nos que não há nada a fazer. Alguém
se achou capaz de interferir na vida dos outros, na nossa vida. Alguém, por
imprudência ou incompetência na condução, criou-nos uma chatice.
Enfim,
assina-se a declaração para o seguro, relativiza-se o assunto (poderia ser
pior) e segue-se o caminho da vida.
Por
mais que pensemos que temos o controlo, há sempre algo que interfere. Esse é o
pressuposto da liderança porque se admite que liderar é chegar a algo por
caminhos desconhecidos.
Entendo
que por isso é fundamental e útil que cada um se assuma como um líder. Que
assuma a liderança da sua vida porque existem adversidades a controlar.
O
despedimento é isso e nada mais. Uma adversidade a controlar.
Em
cada função, empresa ou projeto, há que fazer e dar o melhor. Intelectualmente
e emocionalmente. Se mesmo assim alguém, imprudente, convencido, materialista,
Cavaleiro Negro do Apocalipse, embate em nós, só há que liderar a mudança de
rumo. Sem dramas.
Sem
autismos mas com muito bom senso, analisar a adversidade e retomar o caminho.
Manter a liderança agarrados ao leme.
Para
trás tem de ficar a consciência de um dever cumprido e serviço prestado. Para a
frente mais do nosso desígnio. Outras
causas há que servir e à nossa vida valor acrescentar.
José Marques Mendes
2 comentários:
Zé Miguel,
Este é sem dúvida nenhuma um texto que todas as pessoas e já agora "as não pessoas", deveriam ler.
Perfeito, oportuno e muito realista.
Gostáva de o ter escrito.
Um grande abraço.
Rui Sousa
Obrigado. Gostei imenso.
JMM
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