Não posso deixar de partilhar um momento arrepiante que
tive este fim-de-semana. Encontrava-me em conversa descontraída com uma pessoa de
elevada responsabilidade na vida do país e, por isso, as minhas atenções eram
enormes.
A certa altura do que ouvia, as palavras foram estas:
“Como é possível que empresários tão inteligentes deixaram
as empresas chegar a este ponto? Deixar chegar as empresas a níveis
incomportáveis de dívida e quedas abruptas de vendas e resultados. Têm meses de
salários em atraso sem uma luz ao fundo do túnel. Empresários tão experientes,
que construíram com determinação e coragem os seus negócios, não foram capazes
de perceber que os mercados ruíam. Não fizeram nada para além de pensar que o
dia seguinte ia ser melhor."
E continuava.
"Para muitos agora é tarde. Agora só resta uma coisa – fechar
as empresas já que os níveis económicos e financeiros dessas empresas são
surrealistas.
Para outras, têm de se reestruturar já. Se não fizerem nada e
já, dentro de 3 meses estão pior e dentro de 6 estão a fechar.”
Este foi o momento que me tocou mais:
"Se não fizerem nada e já, dentro de 3 meses estão pior e
dentro de 6 estão a fechar."
O timing de 6
meses pareceu-me hoje. Imediato.
Eu que vinha ouvindo apreensivo, nesse instante senti luz.
Senti oportunidade. Senti futuro.
É que, se os empresários, líderes de empresas, assumirem com
humildade que o tempo mudou, que os métodos têm de mudar, que a forma de
liderar é outra e que os planos de ação têm de ter outros propósitos, então há
esperança.
O que é preciso para isso?
É preciso que os empresários e líderes de empresas peçam
ajuda. Tão simples quanto isso. Que peçam ajuda como quem vai ao médico pedir
ajuda para a sua saúde. Que encarem a empresa como um paciente, como um ser que
está debilitado e precisa de se reestabelecer.
Chamem um médico e não tentem curar-se sozinhos, automedicando-se.
É um erro, pessoal e empresarialmente.
Porém, um conselho:
Da mesma forma que ninguém vai ao médico pedir ajuda a dizer
que ajuda precisa (não se pode dizer ao médico que se quer ser operado a isto
ou aquilo ou que se quer este ou aquele tratamento - ele é que diagnostica e
diz o que é preciso), também os empresários e líderes de empresas não podem
pedir ajuda a dizer o que querem (não digam que o que precisam é de dinheiro ou
de encomendas ou de novos clientes porque, até pode nem ser isso).
Até pode nem ser!
José Marques Mendes
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