...a decidir. Há decisões que merecem ser minimamente ponderadas, refletidas: pela sua importância, pelos riscos que comporta, pelas implicações que representam para si ou para terceiros, pelas repercussões que terão a longo prazo. Em suma, nem tudo tem que ser decidido no imediato, assim que a questão é levantada; aliás, nem tudo tem que ser decidido!
Mas estar determinado em não decidir algo instantaneamente não é fácil, pois vivemos num mundo alucinante de urgência e pressões de todo tipo, não faltando todo o género de argumentos para que uma resposta decisiva seja dada no imediato. Ou porque achamos que não teremos tempo para pensar numa resposta mais tarde, ou porque temos um apurado “instinto” acerca daquilo que nos dará um maior benefício (a curto prazo!), ou porque um concorrente escolheu um determinado caminho e, se não tomarmos a mesma opção, vamos ficar para trás, ou por isto, ou por aquilo. E depois temos as novas tecnologias a ajudarem a este imediatismo, pois uma decisão está já não ao alcance de um clique, mas de um ainda mais simples toque de polegar.
Outra coisa completamente diferente são as microdecisões que tomamos no nosso quotidiano: essas devem ser céleres e nas quais não deveremos conjeturar em demasia.
Porém, é cada vez mais raro ponderarmos as decisões importantes e cada vez mais frequente sermos surpreendidos com os reveses que estas nos trazem no decurso dos seus efeitos. Na esmagadora maioria das vezes, as consequências mais nefastas teriam sido facilmente evitadas se tivéssemos, simplesmente, parado um pouco para pensar ou recolher algumas opiniões.
Se pensarmos nos investimentos que se tornaram ruinosos, nas mudanças estratégicas que se revelaram desastrosas ou nas relações que ficaram seriamente afetadas pelo comodismo de não querer parar para pensar ou pelo nosso egoísmo imediatista, facilmente concluímos que na nossa vida, para a desfrutarmos devidamente, nem tudo tem que ser vivenciado rapidamente. Sob pena de estarmos a dar “tiros” a nós próprios.
Luís Luz