Desde tenra idade, recordo-me da preocupação com que os meus avós me incutiam a importância de uma pessoa ser íntegra, respeitadora e respeitada. Valores como a honra da palavra dada ou a conduta individual eram vistos como inalienáveis, mesmo que por vezes estes fossem contra um interesse momentâneo ou distinto da aprovação de um grupo em que estivéssemos inseridos. No fundo, a mensagem transmitida era a de privilegiarmos o seguimento dos princípios que damos como corretos, mesmo que por vezes estes comportamentos não fossem os esperados por outros. O importante é o ser...
Com o tempo, aprendi que é igualmente importante transmitirmos aquilo que somos (enquanto pessoa, empresa, comunidade, …), para podermos ser valorizados. Em termos empresariais, devemos até entregar aos nossos clientes ligeiramente mais do que aquilo que prometemos, para gerarmos satisfação superior à esperada. Ou seja, não basta ser, também é preciso parecer...
Hoje, a realidade sentida é a oposta: o mundo leva ao limite o conceito de que “a perceção é a realidade”. Tratando o tema com moderação, sabemos que em termos industriais/comerciais é relevante a qualidade percebida, que deve ser trabalhada; mas a qualidade intrínseca deve corresponder à mensagem que se passa, sob pena de estarmos a dar «tiros nos pés». Não podemos é criar ilusões que não têm a menor aderência à realidade, pois o tempo encarregar-se-á de ripostar com desilusão e prejuízo. Empresários ou profissionais que passam brilhantes imagens do que poderão fazer com facilidade, mas nunca entregam em conformidade (o mesmo nas relações pessoais); os sound bites, muito em voga na imprensa e redes sociais, deixaram de resumir a mensagem do emissor para transmitir aquilo que o editor acha que deve ser entendido. Ou seja, basta parecer...
Como…?!? Hummm… Esta não é seguramente uma forma inteligente de evolução, mas antes um «salve-se quem puder» que não resultará, a prazo, numa sociedade mais sã e vitoriosa.
Luís Luz
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