Vou
servir-me do exemplo nacional do Governo para descrever o que entendo por pobre
liderança e pobres liderados ou seja, um líder fraco e uma equipa fraca.
A
única reserva de opinião que deixo neste texto é para a política em si mesma, sua substância e
decisões. A política não cabe neste espaço.
A
apreciação é totalmente sobre liderança – comportamento do líder e seus liderados. Neste caso portanto, refiro-me ao comportamento do primeiro-ministro (líder) e
respetivos ministros (liderados).
Se
bem se recordam aquando da constituição do governo, o ministro Paulo Portas,
dirigindo-se a Passos Coelho, disse algo muito parecido com estas palavras:
-sei que o Governo tem um líder e esse líder é o senhor.
Perfeito.
Foi
o reconhecimento de que existe uma equipa, de que faz parte dela e de que tem
um líder.
Estavam
reunidas as condições para um exemplar comportamento no campo da liderança.
No
momento atual e passado sensivelmente ano e meio, toda a gente “borra a escrita”,
o líder e a equipa.
O
líder tomou decisões e pelos vistos os ministros não concordavam com as mesmas.
Tinham consciência que as decisões do líder iam dar para o torto.
Sabemos
isso por uma razão muito simples – a informação veio a público pelos próprios
membros. Paulo Portas em conferência de imprensa e Paula T. Cruz, Miguel
Macedo, Assunção Cristas entre outros, deixaram escapar a informação de que se
haviam manifestado contra ou alertado para o facto, em reunião tida para o
efeito.
Aqui
reside a pobreza da liderança. Imaginemos momentos antes da decisão.
O
líder está prestes a tomar decisões polémicas, possivelmente catastróficas e a
equipa está em desacordo.
Duas
aberrações estão prestes a acontecer:
>o líder avança sem considerar as várias opiniões contra, evidenciando
arrogância, poderio e que está senhor da certeza. Não tira partido das várias opiniões
manifestadas. Não tira partido da equipa que tem, descapitalizando-a.
>os membros da equipa não se fazem ouvir. Não estão suficientemente fortes para evitar a decisão. A equipa não consegue ser isso mesmo, uma equipa. As decisões
precisam de ser em bloco de solidariedade e suporte. Podem-se ter opiniões
contrárias mas ou se aceita ou se bloqueia. Se se aceita, cala-se, se se quer bloquear,
atua-se. A equipa ficou à “sombra da bananeira”, sendo o líder a bananeira.
Por
isso é um desconsolo ver tamanha pobreza de líderes, quer porque não ouvem quer
pela falta de sensibilidade.
Por
isso é um desconsolo ver tamanha pobreza de equipas, quer porque não falam quer
pela falta de convicção.
Em termos de liderança, este
é um grande exemplo para as empresas e para as famílias e que no meu entender não deve passar despercebido.
Quem tem que ouvir que
oiça, quem tem que falar que fale. Façam-no com sensibilidade e convicção.
José
Marques Mendes
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