Há dias estava uma pessoa a comentar-me ter assumido recentemente funções a tempo inteiro numa empresa onde já era sócio e que, após várias experiências frustradas de clarificação e motivação de alguns colaboradores, começava a questionar o seu estilo de liderança. «Há vários anos que trabalho em ambientes colaborativos, que são aqueles onde me sinto melhor e onde pude constatar que produzem os resultados mais eficazes. Um ambiente de entreajuda, relações construtivas de melhoria dos métodos de trabalho, procedimentos claramente definidos mas… aqui o tempo passa e apesar de toda a paciência e apoio que concedemos na clarificação do pretendido e feedback que damos, os colaboradores só alinham quando se determinam coercivamente as tarefas.»
E continuava…: «Provavelmente, terei que dar razão à minha sócia que me diz que, neste setor, é deste modo autoritário que as pessoas alinham; ela deve ter razão pois com ela resulta e comigo não.»
Falar de estilos de liderança é indissociável de falar de culturas empresariais. A cultura é consequência da liderança praticada e é tão mais forte quanto os colaboradores concordam com ela e agem em conformidade com as expectativas. Logo, o estilo de liderança ideal é aquele que influencia a equipa a prosseguir no alcance dos objetivos definidos.
De modo objetivo, isto significa que não há um estilo específico, uma “receita” a aplicar, na medida em que é necessário ter em consideração que as organizações têm, por um lado, objetivos de curto, médio e de longo prazos (por vezes, antagónicos entre si) e, por outro lado, tudo deve ser enquadrado num contexto. O contexto pode revestir-se de diversas dimensões:
- Prioridades a alcançar - as de curto ou longo prazo?;
- Tempo para alcançar os objetivos prioritários - estamos num cenário estável em que pretendemos consolidar o posicionamento no mercado enquanto especialista ou deparamo-nos com um cenário de intervenção imediata para um necessário turnaround?;
- Características das pessoas com quem se está a lidar, da região ou setor de atuação - há especificidades que influenciam a atuação, como a elevada rotação nalgumas funções, personalidades (há quem seja mais produtivo sob stress e quem bloqueie nessas mesmas condições e brilhe quando tenha o seu “espaço” para trabalhar)...;
- Etc…
O segredo é antes de mais saber o que se pretende e agir em conformidade com esses objetivos, coerente com os valores que defende, comunicando-os adequadamente e adaptando pontualmente a atuação em função do contexto… e ser muito persistente. Mas sem perder o equilíbrio entre o que tem que ser feito no curto prazo e a maximização do potencial no médio-longo prazos. É que, no imediato, até é possível ser persuasivo o suficiente para obter os resultados desejados mas, com o tempo, jamais se obterá um ganho equivalente ao potencial se a visão não for partilhada por todos.
Para que fique claro: o estilo ideal não existe! Mas também não deve ser único e imutável, pois diferentes ocasiões requerem ajustes, mesmo que momentâneos. Sempre, sem se perder o Norte, i.e., os fins últimos que se pretendem alcançar.
Luís Luz
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