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blogue editado por José Marques Mendes e Luís Luz

25 de fevereiro de 2014

À deriva

Não é nada bom andarmos à deriva. Não saber o que valemos, para que servimos, o que podemos fazer, quem nos valoriza, que pessoa de sucesso seremos. São dúvidas que podem originar crises existenciais, depressões e maus desempenhos.

Nas empresas é elementar o pensamento estratégico, momento para refletir e conseguir responder às questões:
-Somos bons em quê?
-Somos reconhecidos como?
-Onde queremos estar dentro de 3 a 5anos?
Se estas questões são vitais para a tomada de consciência da empresa, porquê que as pessoas, individualmente, não fazem a mesma reflexão estratégica?

As pessoas tiram cursos superiores mas não estão a conseguir definir caminho. Preparam-se em competências base mas depois acabam a ganhar experiência noutra coisa qualquer. Levam a vida ao sabor das circunstâncias e, apesar das dificuldades de mercado que podem limitar as opções durante uns anos, há que ter muito presente que a vida é mais que "uns anos".
Todos vemos pessoas à deriva, estejam elas nos "quarentas" ou nos "cinquentas".
Estrategicamente, falando de futuro portanto, estão perdidas e já não sabem o que valerão. Operacionalmente, falando de presente portanto, estão sem dinheiro e dispostas a fazer qualquer coisa.

Não esperem que a vida venha ter convosco. Não procurem emprego pelo emprego. Quem tem potencial para definir caminho que não caia na tentação de fazer um caminho qualquer. Sei que Portugal está mal mas a vida é um mundo.
A vida deve ser arquitectada como uma obra pensada pois ninguém se lança a fazer uma casa colocando tijolo após tijolo a ver no que dá. Isso é infantilidade dos tempos do Lego. Constrói-se tijolo a tijolo, dia após dia, é verdade, mas com uma intenção definida e com resposta à pergunta:
- Quero construir o quê com este dia-a-dia?

A vida tem de ser arquitectada e decidida quanto a suportes, valores e objetivos. Só assim se encontra o que se quer porque se sabe para onde ir. Não se deixem perder. Não deixem que a crise nacional global crie crises individuais, existenciais e depressivas.
 
Estas palavras são de apoio a todos aqueles que estão a sentir algum descontrolo e que me têm sensibilizado muito. Porque oiço e vejo, o meu coração sente os efeitos colaterais emocionais da crise.
José Miguel Marques Mendes

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