Quando se deseja muito que algo aconteça, é frequente ouvir-se a expressão «ou vai, ou racha». Quer-se com isto dizer que se vai tomar uma ação firme e em força num dado sentido, com vista a alcançar-se o difícil e pretendido objetivo. Aconteça o que acontecer - e independentemente dos sinais que se venham a evidenciar ao longo desta execução -, não há volta a dar e tudo deve seguir conforme o planeado… mesmo que o preço a pagar seja a perda de tudo o que se alcançou até ao momento, para o próprio e/ou para terceiros.
Pelo contrário, eu defendo o princípio do «ou vai, ou vai», isto é, um foco inabalável no resultado, mobilizando os recursos adequados, mas onde a possibilidade de perda total, de “estouro”, não é de todo aceite como hipótese. Sobretudo quando as decisões implicam um coletivo: uma organização, uma nação, … Numa empresa, por exemplo, não pode (não deve) uma decisão implicar o risco da sua continuidade pois, enquanto decisores, este deve ser o bem mais valioso a preservar.
Ou vai ou racha? Mas não pode rachar… Tem que evoluir, mudar, adaptar-se e, de preferência, antecipadamente e não reativamente. E aqui é que está o verdadeiro desafio para os timoneiros, para os líderes das organizações: verem além do óbvio e anteciparem a mudança, de modo a geri-la convenientemente. Ou fazê-la de modo mais ou menos abrupto, perante as evidências. O importante é não deixar de atuar, nem cair na tentação do tudo ou nada, pois gerir não é jogar, apostando as “fichas nos números da sorte” e em função da inspiração do momento. Uma organização detém responsabilidades sérias perante vários stakeholders que importa precaver.
Tudo isto aplica-se, naturalmente, naqueles casos em que se está genuinamente convicto no sucesso de um projeto, ou seja, acredita-se de facto no seu potencial e na sua sustentabilidade. Caso contrário, o plano tem que ser outro: “travar” e não “acelerar” mais, entrando num jogo de apostas.
Se é para avançar, ou vai, ou vai!
Luís Luz
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